sexta-feira, 20 de junho de 2008

Grátis!

Uma vez, na fase de adolescência, pensava que se conselho fosse bom, não se dava, se vendia. Ignorância. Um dia dando conselhos a minha irmã adolescente, ela encheu a boca pra me dizer esse ditado. Senti uma aflição enorme e me dei conta de que devia ser esse também o sentimento das pessoas a quem o proferi.
A falta de maturidade e a própria ingenuidade dessa fase afligem os mais velhos que procuram orientá-los a não cometerem os seus mesmos erros, para que não sofram e tenham que enfrentar todas as tribulações pelo qual passaram. Resultado: sermão longo, chato e dependendo do caso, repetitivo.
Só que conselho é o tipo de orientação que devemos dar apenas uma vez, se ouviu, ouviu se não, não ouve mais. Devemos aconselhar sem interferir, acompanhar a situação sempre do lado de fora, porém a uma distância suficiente para que a pessoa possa ter em quem se apoiar.
Por que é bom ouvirmos e executarmos em nossas vidas os conselhos absorvidos, mas dessa forma perdemos a chance de tentar, de dar a cara pra ver o que acontece, de errar, de aprender, de consertar. Quando fazemos tudo certinho do jeito que nos orientam sempre, não colecionamos histórias, não temos figurinhas pra trocar, não temos noção de um erro e não temos a idéia da emoção do acertar.
Cada erro que praticamos é um registro de que passamos por este mundo, é a nossa identidade e nela está todo o nosso conhecimento, nossa sabedoria e maturidade. Também é só quando erramos que reconhecemos e valorizamos os conselhos que nos dão.
Por isso, a minha experiência de vida eu repassei a minha irmã, se ela ouviu bem, se não tudo bem também. Quebre ela a sua carinha, aprenda, amadureça, cresça. Talvez assim ela tome consciência de que conselho é ouro distribuído de graça e meu amor tão grande capaz de lhe estender a mão quando precisar.